sábado, 12 de junho de 2010

É possivel viver de arte?


Por Carol Carvalho



Imagino que muitos artistas se façam essa pergunta diariamente, não por falta de confiança no próprio trabalho, mas por desconfiança no mercado capitalista do qual fazemos parte, que apesar de receber diversos tipos de áreas e trabalhos sempre nos restringe ao limite de ter uma casa legal para morar, comida para nos alimentar, livros e cds para colaborar culturalmente, ou seja, dinheiro.

Diante dessa necessidade muitas vezes abandonamos o nosso sonho e prazer para trabalharmos com aquilo que pode suprir as nossas necessidades financeiras, mas ai que vem a pergunta, será que vale a pena?

Obviamente que a resposta é não, afinal por mais que seja possível sobreviver com um trabalho que movimenta as nossas finanças, não estamos vivendo e sem vida não somos nada não é mesmo? Por isso passei a me questionar em relação ao trabalho de diferentes pessoas e ao meu próprio trabalho, buscando uma resposta a tão angustiante sensação de não saber se é possível viver do que você gosta, no meu caso, de arte.

Por conhecidência do destino, na minha jornada na semana de moda de São Paulo, ou mais comumente conhecida como São Paulo Fashion Week, encontrei com duas pessoas que me motivaram a acreditar ainda mais que é possível viver de arte. São eles, Gilmar, o cartunista e Hideo, o caricaturista.

O primeiro deles, Gilmar, cartunista renomado, do clube de nomes como L. Greco, Adão, entre outros, batalhador e profissional da área a 20, me fez realmente acreditar que é possível viver de arte, afinal ele vive disso. Com trabalhos publicados na Folha de São Paulo, uol, SPFW journal, entres outros veículos, ele traçou a carreira da sorte de trabalhar na área desde o inicio, construindo uma história e conseguindo sobreviver dela até hoje.

Aqui na São Paulo Fashion Week seu papel é elaborar suas tão adoradas tirinhas cómicas com as histórias reveladas pelos visitantes do evento no lounge Rexona. Minha proximidade com ele foi justamente por esse motivo, fui até lá contar a minha história, que ficou incrivelmente animada em três quadrinhos, e acabei saindo com uma grande história inspiradora, a história de um verdadeiro artista que visualiza o mundo como matéria prima para suas produções, que sonha e que comprova que é sim possível sobreviver de arte e de um conceito muito próprio sobre a vida, basta acreditar e "ter olhos para observar e captar", como disse Gilmar.

Com isso parecia que tudo poderia acabar, já que a resposta estava dada, mas por conhecidência do destino novamente, encontrei uma outra pessoas que esta no processo da vida através da arte, reforçando a teoria de que é possível e comprovando que é só batalhar e acreditar. Esse novo personagem da história se chama Hideo, um japonês autêntico, que como os outros tem um grande dom, muita força de vontade e concentração. Hideo é caricaturista por prazer, trabalhando hoje com festas, eventos e no desenvolvimento de caricaturas particulares, o que não era o seu ganha pão a um ano atrás.

Diferente de Gilmar, Hideo não conseguiu traçar o seu caminho de artista desde o inicio, tendo que guardar o seu dom de criança no bolso e viajar para o Japão para ganhar a vida. Depois de muito trabalho e dinheiro no bolso, o caricaturista resolveu voltar ao Brasil e investir na sua carreira. Ele foi estudar desenho no Senac Lapa Scipião e tendo a força do lema "no lugar certo na hora certa", encontrou Raimundo Guimarães, colorista da Walt Disney e seu "padrinho", que o ajudou a chegar ao tão esperado momento de viver da arte, abandonando a realidade industrial que fez parte de sua vida para incorporar a arte como profissão.

Suas perspectivas ainda não são como as de Gilmar, que já esta consagrado no mercado, mas hoje ele já acredita que é possível sobreviver de seu dom e caminha cada vez mais para isso, mesmo que tenha que encarar oito horas de desenho diário, com tempo limite de 10 minutos para o desenvolvimento de um desenho, afinal isso é só parte do processo para se chegar ao objetivo final.

Assim, com essas duas história eu finalmente consegui cessar essa angustia que carregava a tempos dentro de mim e hoje posso dizer mais do que nunca que podemos viver de arte e devemos acreditar cada dia mais no nosso poder de comunicar e difundir, explorando o nosso talento de forma a contribuir mais e mais para o meio, que assim a consequencia só poderá ser o retorno desse meio para nós.

Acessem o blog do Gilmar, www.gilmaronline.zip.net para conferir os trabalhos e encomendem caricaturas do Hideo pelo email erikahideo@yahoo.com.br para contribuir com o trabalho.

5 comentários:

  1. Olá Carol!!!
    Muito legal seu texto. Estou na mesma situação. Só que estou aprendendo realmente a desenhar agora depois de velho.
    O Gilmar realmente parece fantástico. Eu tenho (per)seguido ele há algum tempo no Twitter e no blog. Vim parar até aqui por indicação dele. Boa sorte na sua jornada. Abraço!

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  2. Carol, adorei seus comentários. Ainda quero ler mais sobre. Sempre desenhei, desde criança, mas só por hobbie, nunca pensei em viver da arte, até mesmo para não perder o encanto ao ver que a rentabilidade não me garantiria o que você disse no texto. Mas, quem sabe isso não mude?! Abraços pra você.

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  3. Oi Carol!!

    Eu sempre gostei de arte e tenho o dom pra arte, mas nunca consegui seguir este caminho (minha família não aceitava muito e eu acabei embarcando na onda da minha mãe e achando que isso sempre seria só hobby). Trabalho no setor público e sempre senti um vazio enorme. Mantinha a arte sempre como um hobby, mas isso estava me deixando deprimida, sentindo um vazio cada vez maior dentro de mim. Agora resolvi seguir o caminho da arte, e estava na net pesquisando sobre o assunto e achei seu blog. Adorei seu texto e ele me encorajou bastante.
    Felicidades pra vc e boa sorte!

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  4. Olá, li o seu artigo e fiquei feliz por ver que muitas pessaos desejam traçar este caminho. Acompanho o mercado de arte, artesananto, arquitetura e decoração há bastante tempo, sou apaixonado por isso e vivo disso a 12 anos. Possso dizer que hoje em dia se o artista não trabalha com arte é por dois motivos, ou por que ainda não está pronto ou porque não acredita estar pronto, ou porque têm medo de trilhar este caminho. Posso dizer que é dificil,as vezes tão dificil como montar qualquer negócio no Brasil, mas não é impossível. Para dar ideia do mercado hoje nós importamos muito do que é consumido no mercado de decoração, o mercado que mais consome arte e artesanato historicamente. Seria muito bom se o Brasil tivesse um plano diretor para colocar as pessoas que querer empreender neste caminho, pois geralmente todos tem medo. Ou Insentivar os que estão no mercado enfrentando as duras concorrencias dos importados da China, India e Asia em geral.
    Somos um povo muito criativo, poderíamos estar consumindo o que os nossos talentos fazem, mas estamos importando, muitas vezes muito mais caro do que o que é feito aqui, e muito das vezes nem são peças autorais, são copias de classicos ou peças em serie, isso chega a ser revoltante, mas é a realidade.

    Felicidades

    Fernando
    blogpaleolitico.blospot.com




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  5. é "coincidência" e não "conhecidência".
    e quando você vai falar sobre tempo passado, não é "a três anos", e sim "há três anos".

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