Nossa, acho que faz um milhão de anos que não escrevo qualquer
coisa por aqui. Isso não é porque nada não me inspire e sim porque o tempo anda
somente me permitindo suspirar e espiar, sem mesmo conseguir expirar as idéias.
Tudo anda um pouco complicado mas ainda assim acho que quando uma coisa te move
um tantão, não tem como não parar mesmo na falta da possibilidade dessa parada,
para se falar sobre ela.
Como já é de costume na minha vida de trabalhador brasileiro, ontem estava voltando para casa na pela nova rota, metrô, linha amarela (loucura total) e trem, quando me deparei com um nóia, como comumente denominamos essas pessoas que perambulam pela rua sem destino ou um porquê, e vi que ele abordou duas mulheres que esperavam por uma carona. A primeira vista ele estava somente contando uma história dramática e pedindo um misero real para as duas, que mesmo sem vontade decidiram abrir mão daquele “valoroso” dinheiro e colaborar com o pedinte. Mas com o passar do tempo o que deu para perceber é que ele não estava ali só para pedir o real e partir, queria sim continuar conversando, trocar uma idéia e ter um “amigo” de momento só para desabafar.
Nessa hora eu poderia pensar qualquer coisa do tipo, medo do
cara, não querer dar o dinheiro também, que ele era um louco de pedra, sei lá,
mas a única coisa que consegui pensar foi que não queria conversar com ninguém e
por isso só queria sair de perto, mas ao mesmo tempo que sai também pensei na
atitude daquelas mulheres e na atitude de inúmeras pessoas que pediram e que doaram
nessas ruas, trens e locais da grande cidade de São Paulo. Porque afinal, qual
foi o motivo que levou aquelas duas mulheres a contribuírem com a carência alheia?
(a financeira, claro!)
Poderiam elas ter o desejo de transformar o sistema através
da linha de pensamento do “quando um começa a coisa toda pode mudar?” Podiam
elas apenas pensar que estavam querendo se livrar daquele cara e ponto? Podiam
elas estar com um medo do caramba e pensar que perder 1 real é bem melhor que a
carteira inteira ou até a vida?
A resposta real eu não sei, só sei que qualquer pensamento
que houvesse passado pela cabeça delas no momento não estaria relacionado ao
beneficio do 1 real àquele sujeito, todos eles estavam somente focados nelas
mesmas e na mudança do seu estado no momento, o que não era muito diferente do
meu, que quando vi o cara falando demais só pensei em me afastar, afinal não
estava nem um pouco afim de conversar.
Daí então tudo mudou e por isso escrevo esse post hoje
porque no fundo no fundo o que fazer com a porcaria de 1 real na sua vida não é
mesmo, doar a alguém, comprar uma bala, dividir com uma criança ou pensar no
valor do alguém que pode estar do seu lado ali todo dia e que no fundo no fundo
não passa de 1 real jogado no lixo. Sei lá viu, só sei que às vezes não estamos
valendo nem 1 misero real nesse mundo!