terça-feira, 27 de julho de 2010

CONTATO FÍSICO













Por Carol Carvalho

Desde que o mundo é mundo o homem conhece o que é contato físico, percebendo o meio, o alimento, o companheiro e o universo como um todo através do toque, da sensibilidade, que apesar de ser uma descoberta grandiosa e necessária para qualquer tempo e espaço é algo não muito considerado na atualidade.

Com o advento da tecnologia e das ferramentas oferecidas por ela o homem passou a manipular o corpo e sua sensibilidade, misturando humano à máquina para gerar novas realidades e fazer nascer a tal da “interatividade”, sintetizando corpo e sentimentos. Daí nasceu então a nossa realidade virtual, que hoje tão real nos leva a conversar com amigos a nossa frente pelo MSN, o que me leva a grande questão, será que valeu a pena?

Obviamente que evoluímos muito e utilizamos da tecnologia para melhorias na saúde, na educação, na ciência, entre outras áreas que conseguem usufruir do conhecimento para benefícios grandiosos, mas na área do pessoal mesmo acredito eu que regredimos, pois agora temos redes sociais alimentadas pelos cabos de energia e palavras digitadas em um pequeno teclado a nossa frente, somos amigos de mais de 1000 pessoas e seguidos por um batalhão de gente, mas quando olhamos mesmo pro lado, só temos a TV ligada, o celular tocando uma música e o Nintendo Wii nos esperando para o nosso horário de exercícios do dia, isso não é muito esquisito?

Pois é, não estou falando tudo isso como se fosse alheia a essa realidade, algo impossível nos dias de hoje, mas porque após ler uma matéria no site style.com que falava sobre a verdadeira fonte de inspiração e energia para o trabalho de moda passei a pensar nisso. Na matéria em questão, uma entrevista com o designer de moda Alber Elbaz, discutia-se a idéia de se transmitir desfiles em um telão, como se fosse filme, aos espectadores na platéia de uma semana de moda; uma nova tendência que esta vindo por ai e que apareceu nas passarelas do SPFW na última coleção do coletivo OESTUDIO.

Ao ser questionado sobre essa nova perspectiva Elbaz expôs a sua opinião em relação a tal da interatividade, comentando sobre o novo conceito de rede de amigos e apresentando suas idéias em relação à materialização dos desfiles, pois para ele com a virtualização da moda perderíamos a essência de toda a história que uma coleção pode contar, abrindo mão do prazer de apreciar o conceito, os tecidos, a modelagem, a beleza dos detalhes, o mesmo prazer que perdemos quando abrimos mão de falar ao vivo com um verdadeiro amigo, dar um abraço ou simplesmente conversar cara a cara.

Tudo isso me deixou muito confusa porque apesar de não compartilhar muito dessas inovações tecnológicas, usufruo delas para me comunicar com vocês, para conversar com quem esta longe e até para dar uma festa surpresa, isso mesmo, ontem passei por esta experiência, eu e meus amigos reais demos uma festa surpresa para uma grande amiga que esta em Nova York no momento, algo inexplicável.

Diante de tudo isso, na verdade não sei o que fazer, pois percebo que independe de não concordamos com essa sintetização de sentimentos e valores não temos como escapar, somos parte integrante dos novos tempos e tiramos benéficos dele, mas independente disso, acredito que podemos pensar nos limites entre relações e cabiamentos, criando forças para não cairmos na rede de cabeça, lembrando sempre que o contato físico é a melhor resposta para qualquer dúvida e o melhor marketing para qualquer mercado.

2 comentários:

  1. Carol minha querida, que belo post...
    sim, é preciso que não esqueçamos do sentir com as mãos, ver o nosso olhar no olhar do outro
    não creio que haverá algo que substitua esse contato.
    beijinhos no seu coração,

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  2. Também não sei até que ponto essa nova visão de sociabilidade é favorável , pois acaba trazendo um grande problema de depressão virtual ao qual você se conecta com muitas pessoas , mas quando precisa de verdade não tem ninguém e isso é preocupante pois a pessoa cada vez mais se fecha a esse mundo virtual e muitas se perdem nisso . Em tudo navida temos que ter o equilibrio , utilizar essas ferramentas como instrumento de socialibidade é muito bom , mas não fazer disso apenas isso o seu circulo de amizades . Ir ao cinema , ir a teatro , sair para comer pizza e dançar é muito bom e tem que ser com amigos e pessoalmente se não já pensou . E o beijo então .........

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